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Matos Serra 29 de abril de 2020 · SOBRE O 25 DE ABRIL E O 16 DE MARÇO DE 1974 RESPOSTAS A UM COMENTÁRIO DO MEU AMIGO ANÍBAL AUGUSTO.

 

SOBRE O 25 DE ABRIL E O 16 DE MARÇO DE 1974
RESPOSTAS A UM COMENTÁRIO DO MEU AMIGO ANÍBAL AUGUSTO.
COMENTÁRIO:
Aníbal Augusto
Amigo Matos Serra deve saber que dias antes o DURÃO se encontrou com o Otelo em Lisboa com vista a nossa participacao no25A74...deve saber que na tarde desse dia foi enviado um helicóptero à Pontinha com dois oficiais nossos a perguntar o porquê de nada nos ser atribuído e solicitar missões...quem foram esses oficiais..a nossa neutralidade foi estabelecida e acordada pelo Fausto que morava em OEIRAS e se compromoteu a nao intervir...fomos solicitados varias vezes a virmos para Lisboa como ti hamos feiho no 16M74 quando daquilo das Caldas da Rainha mas o Fausto manteve a palavra...quanto aos elementos de ligacao ao MOFA segundo consta num dado momento houve afastamento nao sei se depois se aproximaram...o meu amigo deve saber ...todas estas coisas estao escritas em varios sitios e sao coincidentes ...só e preciso investigar ...tivemos um papel a retoque dos acontecimentos fomos ultrapassados por estes...ponto final.
1ª RESPOSTA:
Matos Serra
Amigo Aníbal Augusto... eu não tenho o dever de saber se foi o Fausto Marques ou os nossos delegados que se comprometeram a não intervir... o movimento era dos capitães... e até se chamava assim, "MOVIMENTO DOS CAPITÃES" que, a princípio até era corporativo, deveriam ter sido os nossos delegados e não o comandante a comprometerem-se com aquilo que tivesse que ser feito e, do meu ponto de vista, não deveria ter sido a incoerente neutralidade... foi gente revolucionário que moldou a feição do movimento corporativo em prol da Pátria e do POVO, em que eu participei ativamente...a grande maioria dos capitães que, a princípio, só agiram corporativamente,e, de algum modo, isso é compreensivo dado o nível dos fatores subjetivos, em Portugal, nessa altura...acabaram por perceber que isso não bastavam e se integraram revolucionariamente, muita honra lhes seja feita, porque essa atitude é que valeu à Pátria e ao Povo...Como explico no meu texto e eu falo daquilo que sei por experiência, não por aquilo que muitos escreveram à-posterior.., eu só soube que houve esse comprometimento quando no próprio dia 25 de Abril, falei com o Avelar de Sousa que depois, mais o Silva Pinto, que eu não cheguei a ver, resolveram, e bem, a situação da nossa participação e de acordo com o próprio Fausto Marques, enquanto comandante dos páras, que acabou por se alinhar com os seus militares e com a revolução... honra lhe seja feita também. Eu sempre quis evitar que agíssemos a reboque dos acontecimentos... mas muitas vezes isso não aconteceu... mas sempre arrisquei pela Revolução que augurava e desejava... Hoje ainda luto para tentar endireitar os tortuosos caminhos de Abril naquilo que ainda pudesse ser possível e assim agirei até ao fim dos meus dias... PONTO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
2ª RESPOSTA:
Matos Serra Amigo Aníbal Augusto..(.fomos solicitados varias vezes a virmos para Lisboa como ti hamos feiho no 16M74, como, o meu amigo afirma ?) ... "Mas nós em 16 de março não chegamos a partir para Lisboa... Fui eu o Comandante de Companhia nomeado para irmos intercetar a Companhia das Caldas... " A ordem foi no sentido de intercetarmos a coluna, não de nos juntarmos a ela... e para isso deveria equipar, armar e municiar ràpidamente, uma companhia de pára-quedistas e foi, para esse papel, nomeada uma das nossas companhias que, até, tinha já o seu comandante...Eu era então Tenente Pára-quedista e, havendo muitos capitães disponíveis, só percebo que tenha sido nomeado porque, o próprio Comandante não sabendo bem para que lado cair e, por eu ser muito ativo nas reuniões de unidade, sempre presididas pelo comandante... e, ser, abertamente, pela queda do regime, ele quis pôr-me na mão, essa batata quente, quem sabe, por pensar que chegando a Lisboa eu me passaria, com a minha companhia de combate para o lado dos revoltosos... Eu equipei, armei e municiei, convenientemente, a companhia, falei, primeiro, com os oficiais, depois com os sargentos, a seguir com as praças e, por fim, com todos juntos, para que ninguém fosse enganado... A minha proposta, perante os meus comandados, foi a de que chegados a Lisboa nos deveríamos solidarizar com os camaradas revoltosos contra o governo... perguntei quem discordava? Apenas o 2º sargento Pena, um empedernido salazarista, levantou, titubeante, algumas objeções... depois veio a bater com a língua nos dentes, mas o Comandante Fausto Marques não deu ouvidos a esse sabujo. Já depois da companhia equipada, armada, municiada e informada sobre o objetivo, formada no arruamento das arrecadações de material, com a presença do meu amigo, Tenente Especialista de Material, Herlander Grácio, o mesmo que, nas Reuniões de Unidade p'ró Movimento, comigo alinhava no sentido da politização das reuniões, numa tentativa de contribuirmos para um acerto de passo dos pára-quedistas com os camaradas do Exército, quando havia já, até, um entusiasmo para irmos p'rá luta ali, excetuando o sabujo do salazarista Pena, que, ainda hoje, me causa pena, chegou a contra ordem do Comando, desmobilizar a companhia... Foi um balde de água fria e foi pena que os camaradas revoltosos, em Lisboa, se tivessem entregado, porque se têm resistido, quando nós se lhes juntássemos, talvez tivéssemos motivado outras unidades e a História tivesse sido antecipada... Só mais tarde é que vim a saber que o Golpe das Caldas foi uma antecipação, relativamente ao Movimento dos capitães para colocar a decisão nas mãos do General do monóculo... Ainda bem que abortou e, dessa maneira, ficou livre o caminho para o 25 de Abril unido e genuíno... Por outro lado, se a antecipação de 16 de março tivesse vingado, como veio a acontecer em abril, teria sido, da mesma maneira, o POVO, na rua, a marcar o rumo da Revolução e, também, mais tarde, a CIA a aniquilar o sonho... porque tartufos foi o que nunca faltaram a um Portugal que, também muitos desejam nosso e livre de tutelas e traições... COM
UM ABRAÇO
AO MEU AMIGO ANÍBAL AUGUSTO.
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6 comentários
Coragem
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6 comentários

  • Antonio Valente Dias
    Fiquei a saber mais um pouco dos acontecimentos que antecederam, o 25 de Abril de 1974
    Esse bufo sem nível, já em Moçambique no BCP-31, tinha afrontado um grupo de jovens furriéis, juntamente com mais dois ou três da mesma estirpe … 
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    2
    Antonio Valente Dias respondeu
     
    2 respostas
    8 h
  • Jose Monteiro
    Apenas como curiosidade e sem outra motivação que não seja a da coincidência! Já há algum tempo escrevi sobre isto e por causa do monocular general:
    - na noite de 15 de Março de 1974 reuniu-se, um grupo de colegas da empresa e alguns amigos que se juntaram, num jantar que uns achavam que era de despedida e outros, que melhor me conheciam profissionalmente, como responsável dos Serviços Comerciais da VALVERDE, SA, quiseram que fosse de homenagem! Foi-me oferecido um frasco em vidro para licor, com uma gravação de um dos maiores gravadores da época e o vendedor de Embalagens para a Indústria de Lisboa, resolveu entregar-me o volume recém publicado, PORTUGAL E O FUTURO, da autoria do monocular general! Quando me despedia do simpático vendedor, disse-me quanto custava e paguei, tinha recebido o meio mês nesse mesmo dia!
    - no dia seguinte, às 09,00 entrei ao serviço de um novo patrão e numa especialidade de que conhecia a parte dactilográfica: a RADIOLOGIA e ia passar a formar-me em técnico de radiologia, a parte prática com o radiologista e depois iria a Coimbra fazer a parte teórica da Anatomia! O projeto do radiologista era o de abrir um consultório na Marinha Grande onde eu faria todos os exames, excepto os que implicassem contraste (estômago e intestino à base de bário e rim à base de iodo, se não estou em erro!
    - como as pessoas iam chegando, chegou a noticia de que tinha havido um levantamento de tropas nas Caldas da Rainha, mas que não chegara a Lisboa e que tinham sido presos alguns militares! Dias depois uma amiga que era familiar de um dos militares detidos, na visita o oficial terá dito que não se preocupassem, porque era por pouco tempo, mas não deu pormenores;
    - no mesmo local de trabalho me chegou a noticia, esta mais clara, de que estava a decorrer um golpe de estado para derrubar o Governo! Aí, não sei porquê, larguei a dactilografia dos relatórios e saí à rua a saber de novidades!
    - Foi o 25 de Abril e com ele se foi o projecto de vir a ser um técnico de radiologia, o radiologista encolheu-se!
    - No dia 21 de Janeiro de 1975, depois de almoço, voltei à empresa que tinha deixado em Março de 74, agora para coordenar uma equipa, já instalada, mas sem coordenação a que acrescia um serviço de planeamento da Produção!
    Coisas das revoluções!
    Bom fim de dia para ambos e um excelente fim de semana!

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